EDUCAÇÃO FAMILIAR - Excesso ou falta de
proteção
Muitas mães têm se tornado inconvenientes quando procuram proteger seus filhos: chamam a
atenção das mães dos colegas deles, dão broncas nos professores, são rudes com
parentes que interagem com seus rebentos etc. É
claro que as crianças precisam da proteção dos adultos, porque sem ela não têm
condições de viver bem. A mãe é a primeira a exercer essa função: alimenta o
filho, cuida de seu bem-estar, evita que se coloque em situação de risco.
Quando ele ainda é um bebê, a função de proteção não provoca dúvidas. O
problema aparece quando a criança começa a crescer.
Sabemos que o mundo adulto tem
muitas facetas que, para a criança, são hostis e provocam medo, insegurança e
angústia. É que ela ainda não tem recursos para fazer frente a muitas questões
que nós, adultos, enfrentamos, mesmo com dificuldade. Recentemente, por
exemplo, um acidente aéreo fez com que muitas famílias decidissem cancelar as
férias porque os filhos ficaram com medo de avião. Muitos adultos também
ficaram receosos, mas viajam assim mesmo se precisam.
A criança precisa, portanto,
ser protegida do mundo adulto. Precisa que seus pais a protejam do excesso de
atividades, de estímulos que apelam para o erotismo e o consumismo, de
informações detalhadas sobre crimes, guerras, corrupção e até de si mesma. Por
ainda não ter desenvolvido seu mecanismo de autocontrole, precisa contar com o
bom senso dos pais para ser contida em alguns de seus impulsos.
As crianças sabem muito bem o
que querem, mas ainda não sabem se podem ou devem ter ou fazer o que querem.
Cabe aos pais essa decisão. Conter a criança é protegê-la.
Nem sempre damos esse tipo de
proteção às nossas crianças, não é verdade? Em compensação, muitas mães levam
às últimas consequências a tentativa de proteger seus filhos das coisas
inevitáveis da vida.
É coisa de criança, por
exemplo, estranhar-se com seus pares, reclamar de suas obrigações escolares,
considerar injustas as pequenas sanções que sofre dos professores etc. E a
primeira atitude que ela toma é justamente pedir proteção.
Mas nem sempre a mãe deve
interferir. Se os pais confiam na escola que o filho frequenta, devem apenas
encorajá-lo a procurar a ajuda dos professores e falar diretamente com eles a
respeito dos problemas que lá enfrenta. Sempre que os pais interferem
diretamente, colaboram para que o filho se recuse a crescer e mantenha a ideia
de que não tem condições de encarar as dificuldades.
Mesmo quando a mãe considera
que o problema que o filho diz enfrentar na escola merece uma intervenção, ela
deve ser feita diretamente com os responsáveis da escola, e não com outras
mães, porque isso pode criar problemas e situações constrangedoras. Andamos
atrapalhados com o conceito de proteção à infância: nem sempre oferecemos o
necessário e muitas vezes cuidamos do que não é preciso. Desse modo, a ideia de
crescer fica confusa para a criança.
Escrito por Rosely
Sayão - Fonte:
http://blogdaroselysayao.blog.uol.com.br