Conflitos Conjugais como resolvê-los?
Se precisar ser decidido quem
irá levar a criança à escola, na casa do amigo ou ainda quem irá levá-la ao
dentista (sim, os dentistas conseguem a proeza de só terem disponível o horário
das 15h) são problemas rotineiros de casais com filhos e, sempre é dito que
filhos trazem problemas conjugais.
Mas como ficam os casais sem filhos? Sem problemas, é claro (!),
visto que cada um tem seu próprio emprego,
salário, conta devidamente dividida e o espaço individual respeitado.
Por muito tempo acreditava-se
nisso e casais que passavam por conflitos tinham dificuldades de exporem seus
conflitos com medo de serem ridicularizados. Independente da religião, as
mulheres tendem a ouvir a clássica frase ‘a mulher sábia edifica sua casa’
enquanto os homens ouvem ‘mulher é bicho complicado, nem tente entender’.
Os problemas são vividos como angústias que parecem não serem
solucionáveis, pois, o contexto social vivido atualmente pelos casais requer
flexibilidade cognitiva e moral, possibilitando tomadas de decisões
específicas, o desenvolvimento de capacidades práticas de resolução de
problemas, não deixando à margem, porém, a dificuldade que cada cônjuge possui
com sua própria interioridade.
Pesquisadores da área de
conflitos familiares e conjugais apontam que a forma pela qual se pode
diagnosticar a presença de conflitos conjugais é pela observação de
comportamentos sinalizados pelos cônjuges, tais como, aumento da freqüência de
alterações no tom de voz em discussões triviais, aumento de duras críticas a
atitudes comuns (deixar a tolha molhada sobre a cama ou esquecer-se de tirar o
lixo), dificuldade para resolver um problema rotineiro (ligar para o encanador)
culpando-se um ao outro ao invés de consertar o vazamento, por exemplo, dentre
outros.
Não existe um pensar único e
absoluto pelo casal, mas, um pensar em conjunto, entretanto, os casais tentam
resolver seus conflitos de forma inadequada e que só agravam os problemas
conjugais. Pode-se afirmar a presença de 4 tipos de padrões de conflitos:
1) Escalonamento:
os cônjuges respondem negativamente a diversas situações de forma seguida e com
julgamento de valor
2) Anulação:
um dos cônjuges se coloca diante dos pensamentos, sentimentos ou caráter do
parceiro, realizando comentários, intencionais ou não, que provocam o
rebaixamento da auto-estima.
3) Retirada e
Prevenção: um dos cônjuges se retira de uma
situação conflituosa a fim de evitar discussões acaloradas
4) Interpretações
negativas: um dos cônjuges crê que os
motivos do outro são mais negativos que os seus próprios
Diante destes conflitos os cônjuges podem escolher 5 modos de enfrentar e
resolver, sendo estes:
1) Perquiridor:
procuram vínculos criados para se aproximar e se tornar mais íntimo do cônjuge,
deixando-o discorrer sobre diversos assuntos e expressar seus sentimentos.
2) Distanciadores: um
dos cônjuges assume a postura de se manter emocionalmente distante do parceiro
ou da situação conflituosa, geralmente se acostuma a lidar com o estresse da
relação.
3) Hipofuncionais:
cônjuges que possuem dificuldades para manter suas vidas organizadas e que sob
situação de estresse, revelam dificuldade também para expor o seu lado forte e
tendem a competir nas relações íntimas.
4) Hiperfuncionais: cônjuges
que são conselheiros e auxiliadores diante dos problemas de outros casais, mas geralmente
possuem dificuldade para resolver os seus.
5) Recriminador: reagem
emocionalmente e agressivamente diante das opiniões e posturas do parceiro, são
aqueles que gostam de ensinar ao companheiro a atitude que este deveria ter a
fim de sobressair na relação.
Identificar os tipos de conflitos e o modo pelo qual o casal
tende a resolver é de extrema importância para a manutenção saudável do
relacionamento que não pode se basear em um jogo de interesse. O relacionamento amoroso não é um jogo, é
uma prática em que se estabelece e mantém-se a relação de um para com o outro,
causando frustração ou alegria, mágoa ou confiança, raiva ou felicidade. Quanto
mais se projeta expectativas sobre os outros, maiores são as chances de um
desgaste emocional e distanciamento físico.
psicóloga CINTIA VILANI